quarta-feira, 5 de junho de 2013

domingo, 2 de junho de 2013

A Dor da Saudade

Trancar o dedo numa porta dói. Bater com o queixo no chão dói, torcer o tornozelo dói. Um tapa, um soco, um pontapé, doem. Dói bater a cabeça na quina da mesa, morder a língua, ter cólica, cárie e pedra nos rins.
Mas o que dói mesmo é a saudade...
Saudade de um irmão que mora longe, de uma cachoeira que você ia na infância, saudade de um filho que estuda fora e do gosto de uma fruta que não se encontra mais... Saudade do pai que morreu, do amigo imaginário que você tinha quando era criança, de uma cidade. Saudade da gente mesmo, que o tempo não perdoa.
Doem essas saudades todas, mas a que é mais dolorida é a saudade de quem se ama.
saudade da pele, do cheiro, das lágrimas, dos beijos, da presença e até da ausência consentida. Você podia ficar na sala assistindo TV e ele no quarto, sem se verem, mais vocês sabiam que estavam lá. Você poderia ir para o dentista e ele para a faculdade, mais vocês sabiam onde estavam. Vocês poderiam ficar um dia ou até uma semana sem se verem, mais sabiam que no dia seguinte ou no fim de semana se veriam.
Contudo, quando o amor acaba, ou torna-se menos, ao outro sobra uma saudade que ninguém sabe como deter. Saudade é basicamente não saber...
Não saber mais se ela continua fungando por causa da rinite;se ele continua sem fazer a barba por causa daquela alergia; não saber se ela ainda usa aquela saia curta que te tirava do sério, se ele foi naquela consulta médica como tinha prometido, ou se ela tem comido bem por causa daquela péssima mania de sempre estar ocupada.
Não saber se ele tem ido nas aulas de inglês e se aprendeu a usar a internet direito; se ela continua a ter dificuldade em estacionar entre dois carros; se ele ainda prefere cerveja e ela suco de laranja. Se ele ainda sorri com aqueles olhinhos apertados e se ela ainda dança com aquele jeitinho enlouquecedor; se ele ainda ama filmes de terror e se ela ainda chora até com comédias.
Saudade é não saber mesmo!
Não saber o que fazer com os dias que ficaram mais compridos, não saber como encontrar tarefas que lhe cessem o pensamento, não saber como frear as lágrimas diante de uma música e não saber como vencer a dor de um silêncio que nada preenche.
Saudade é não querer saber se ele está com outra e ao mesmo tempo querer. É não saber se ela está feliz e ao mesmo tempo sair perguntando a todos os amigos que vocês tinham em comum se por acaso algum deles sabe como ela está e por onde anda. É não querer saber se ele está mais magro e se ela está cada vez mais bonita.
Saudade é nunca mais saber de quem se ama e mesmo assim ainda doer...